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O acidente vascular cerebral (AVC) pode ser definido como o surgimento de um déficit neurológico súbito causado por um problema nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central. Classicamente, o AVC é dividido em 2 subtipos: isquêmico (ocorre pela obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral causando falta de circulação no seu território vascular) e hemorrágico (causado pela ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com extravasamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia intracerebral), para o sistema ventricular (hemorragia intraventricular) e/ou espaço subaracnóideo (hemorragia subaracnóide)). O AVC é a principal causa de incapacidade em adultos no mundo. Os sobreviventes de AVC necessitam de suporte e tratamentos adequados a longo prazo. A maioria das pessoas que sobrevivem têm alguma incapacidade pós-AVC. Embora a reabilitação não recupere os danos cerebrais, ela pode melhorar consideravelmente a capacidade funcional levando a uma melhor qualidade de vida.

Pessoas que tiveram um AVC necessitam de acompanhamento a longo prazo e monitorização para garantir que eles tenham estratégias preventivas e controle adequado dos fatores de risco, além de terapia dirigida para otimização de suas atividades de vida diária, mobilidade, espasticidade, dor, continência, comunicação, humor e cognição.

Dentre as possíveis sequelas do AVC, temos as dificuldades de deglutição, denominada de disfagia, podendo ser evidenciada em mais da metade dos pacientes e, possivelmente, sua presença representa um marcador independente de piora durante a recuperação. Pode causar complicações como desnutrição, desidratação, aspiração, sufocamento, pneumonia e morte. A disfagia é uma alteração na biomecânica da deglutição que dificulta ou impossibilita o indivíduo de engolir. Alguns sinais mais comuns podem indicar a sua presença como engasgo, tosse, pigarro, desconforto respiratório, regurgitação nasal, emagrecimento, resíduos de alimentos na boca depois que engole e alterações na voz, mas também pode acontecer sem que apresente um sinal clínico evidente.

O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para avaliar, diagnosticar e reabilitar as dificuldades de comunicação e alimentação decorrentes do AVC. A avaliação clínica da deglutição é complexa e requer a presença de um examinador experiente. A detecção da disfagia não deve ser limitada a identificar se o paciente aspira ou não, mas sim deve identificar aqueles pacientes que apresentam potenciais fatores de risco e, sendo assim, a detecção desses sinais durante a fase aguda é de fundamental importância para a adoção de medidas adequadas. A detecção precoce da presença de disfagia tem como propósito evitar com que condutas inadequadas sejam tomadas, como a introdução inadvertida de alimentos e líquidos por boca, minimizando riscos ao indivíduo e propor uma intervenção fonoaudiológica mais adequada para o restabelecimento da função.

Autoria:

Dra. Paula de C. M. Issa Okubo

Referências:

Rede Brasil AVC. Acesso em 14/11/2022. Disponível em: https://redebrasilavc.org.br/

OKUBO, P.C.M.I.; FÁBIO, S.R.C.; DOMENIS, D.R.; TAKAYANAGUI, O.M. Using the National Institute of Health Stroke Scale to Predict Dysphagia in Acute Ischemic Stroke. Cerebrovasc Dis 2012;33:501–507. DOI: 10.1159/000336240.